Capitulo 1
De todas as pessoas em Seattle e na face da terra, haviam aquelas que nasciam com o privilégio de ter um bom emprego, uma boa casa, uma família perfeita e o amor da sua vida, afinal de contas quem não quer aquele romance água com açúcar que vemos nos filmes e lemos em livros? Tudo mundo quer um.
A verdade é que a maioria tinha tudo isso, do bom emprego ao bom amor, exceto uma pessoa, Meredith Grey, loira de olhos azuis, alta, magra, belíssima, mas não sentia-se atrativa para os outros, o culpado disso? Derek Shepherd, seu ex-noivo que a trocou sem pensar em nada, muito menos que dividiam o mesmo ambiente de trabalho.
Ninguém poderia julgar a loira se quisesse extravasar sua raiva no moreno, mas Meredith não faria isso, o que faria afinal? Acabar com o casamento do falso interesseiro? Sim, casamento, Derek havia casado-se com Rose, — filha do dono do escritório que trabalhava — há três meses e agora estava voltando da lua de mel, mas daria a volta por cima ou fingiria ter dado.
Tudo fora tão rápido desde o término e o casamento que Meredith acreditava veementemente que ele já a traia com Rose há meses, na verdade confirmou esse fato, mas Rose sempre fora tão simpática e gentil, não parecia ser alguém que soubesse do relacionamento dos dois, talvez só finguisse ou Derek era um ótimo manipulador e tivesse enganado as duas.
De certo modo Meredith estava feliz com o término, afinal de contas Derek havia mostrado sua verdadeira face antes que ela sentisse a enorme vontade de se casar com ele.
— Sabe quem volta hoje? — A voz de Stephanie lhe tirou a concentração que tinha na tela do computador.
— Não — Respondeu olhando-a, a mulher de cabelos cacheados e pele negra debruçou-se em direção a sua mesa.
— Shepherd, pelo que sei teve que antecipar a volta, acho que tem uma reunião importante no conselho, ainda o acho um estúpido pelo que fez com você.
— Eu já superei isso.
— Ninguém supera uma traição dessas tão fácil, Meredith e tudo bem você ta arrasada, ele foi um grande filho da puta com você — Meredith respirou fundo voltando a atenção ao computador
De fato não havia superado, mas aquele olhar de pena que todos os seus colegas agora lhe olhavam apenas tornava tudo pior, o dia, o trabalho, a vida, ela estava cansada de ser o recorrente assunto entre eles.
— Ele te trocou por uma riquinha, usou você e agora casou com ela.
— Stephanie, ta tudo bem, eu superei isso — A interrompeu antes que aquele assunto continuasse — Já estou até mesmo namorando.
— Não brinca! Conta tudo, quem é ele? É daqui da empresa?
— Não, ela não é da empresa — Stephanie arregalou os olhos ao escutar a afirmação.
Meredith a adorava, mesmo sabendo que a garota era a maior fofoqueira do departamento, mas ainda assim era uma boa pessoa, sempre lhe ajudava quando ela estava em apuros, Stephanie foi a primeira amiga que conquistou naquele lugar.
O som do telefone na mesa de Meredith tocou fazendo-a livrar-se da pergunta e euforia seguinte, ela rapidamente o pegou.
— Meredith Grey falando — Disse — Ah, olá senhor Barner, bom dia — Seus olhos seguiram para Stephanie que revirava os olhos enquanto arrastava-se junto a cadeira para o seu lugar, ela sabia que quando Galvin Barner estava ao telefone, Meredith não o desligaria tão cedo e a loira nunca agradeceu tanto por uma ligação do homem antes.
Meredith sentiu-se aliviada, agora bastava buscar uma boa desculpa para não responder ou conseguir pensar em como terminar de inventar sua namorada perfeita e continuar com sua farsa.
[...]
— Você precisa me ajudar — Foi a primeira coisa que Meredith disse ao ser atendida, havia corrido para o banheiro assim que terminou a ligação com Galvin Barner.
Havia dado graças a Deus que Stephanie havia saido minutos antes de finalizar a ligação, assim teria tempo de conseguir formular melhor sua mentira, afinal não tinha nem mesmo um nome para sua namorada fictícia.
— Te ajudar com o que? — Cristina perguntou do outro lado da linha.
— Stephanie me disse agora a pouco que o Derek volta hoje da lua de mel por causa de uma reunião importante do conselho.
— Ele deveria é desviar do caminho e ir para o quinto dos infernos.
— Eu também acho, mas da pra focar?
— Ta legal, fala.
— Ela começou a dizer que o achava estúpido pelo que fez comigo, eu disse que superei.
— O que é uma grande mentira — Cristina retrucou sendo ignorada.
— Ela disse que ninguém superava tão fácil uma traição dessas, você sabe como eu odeio
essa coisa de solidariedade e pena, eu só quero esquecer esse infeliz, então eu disse que tinha superado e que estava com uma namorada.
— Você não espera que eu me passe por sua namorada, não é?
— Não, ela conhece você.
— Tudo bem, então... Então diz que vocês se conheceram por acaso e como você costuma ser distraída, esbarrou nela e como pedido de desculpas a chamou para tomar um café, vocês se tornaram boas amigas, diz que no início eu estava com ciúmes por ela querer roubar minha melhor amiga, as pessoas que me conhecem sabem que se eu fiquei com ciúmes a história é verdade... Deixa eu ver — Fez alguns barulhos com a boca — Ah! Diz que você contou sobre como seu relacionamento com o Shepherd tava indo de mal a pior e que a partir daí ela começou a investir em você e você acabou sedendo, vocês se beijaram, mas você se sentiu culpada por causa do seu relacionamento então ficaram afastadas por alguns dias, mas que você notou que seus sentimentos mudaram com o beijo e então você foi procura-la disposta a terminar seu namoro pra poder ficar com ela, pois já não sentia nada pelo seboso que você namorava, só que antes que conseguisse terminar, ele casou com outra.
— Você precisa parar de ver tanto filme.
— Você precisa culpar a Teddy por isso, ela quem me obriga a assistir.
— Eu preciso de um nome pra minha namorada.
— Eu sou péssima com nomes, você vai ter que se virar nessa parte.
— Você é uma amiga horrível.
— Meredith, para de ser vagabunda, eu acabei de criar a sua história de amor, estou pensando em desenvolver a parte do pedido pra vocês morarem juntas — Meredith revirou os olhos — Eu tenho que ir, meu chefe ta um saco hoje.
— Ta legal, noite da pizza hoje?
— Não dá, vamos jantar com os pais da Teddy, eles estão na cidade.
— Tudo bem, boa sorte com o jantar.
— Boa sorte com a namorada de mentira.
— Obrigada — Murmurou e desligou soltando um longo suspiro.
[...]
Meredith enrolou o quanto pode no banheiro, mas não podia mais, afinal tinha ligações de clientes para atender, trabalhar no setor financeiro tinha suas desvantagem e essas desvantagens era que seu telefone não parava de tocar.
Saiu do banheiro e caminhou pela grande sala passando entre as mesas dos colegas até encontrar a sua, aonde sentou-se deixando o celular sobre o móvel e virou-se para o computador, abriu as pastas de documentos que precisariam serem analisados e leu por alguns minutos, com o rosto apoiado na mão.
Só de pensar que havia faltavam umas dez horas para poder ir embora, a desanimava, principalmente com o fato de que Derek chegaria em poucas horas.
— Você parece distraída.
— Porra Stephanie — Disse ao pular de susto levando a mão ao peito — Você quer me matar? Quando chegou ai?
— Tem uns vinte minutos — Respondeu sorrindo enquanto mexia na mesa, fazendo Meredith analisar a bagunça que a sua estava e começar a arruma-la.
— Eu não notei.
— Claro, você estava tão pensativa, tava pensando na... Como que é o nome dela mesmo?
— De quem? — Perguntou enquanto batia um bocado de papéis na mesa para alinha-los.
— Da sua namorada, oras, de quem mais seria?
— Ah! Ela se chama... — Seus olhos passaram rapidamente pelos papéis que estavam ali em desespero, essa era a parte principal da mentira e ela não havia nem mesmo conseguido pensar em um — Addison — Foi o primeiro nome que veio em sua mente, já que naqueles papeis não parecia ter nada útil — Isso... Addison... — Encarou uma revista que estava ali vendo seu nome — Montgomery — Completou por fim, não notando a feição surpresa e incrédula da amiga.
Era uma revista sobre negócios, principalmente para quem estava no mercado financeiro, por isso Meredith comprava quase todas as manhãs um exemplar, fosse do jornal ou da revista, já que as revistas eram mensais e vinham como documentários escritos e entrevistas que ela achava muito relevante mesmo que se estivesse a frente, mudaria o público entrevistado, alguns homens que estavam ali, não lhe agradavam por seus trabalhos vagos e egos elevados.
— Essas horas não passam, já estou morrendo de dor de cabeça — Murmurou deixando os papéis alinhados em suas devidas pastas e arrumou os lápis e canetas.
Então levantou-se analisando o pequeno cubículo que sua mesa estava e finalmente encontrou a pasta, pegou o celular e saiu em direção ao elevador, virando no corredor, precisava ir até a outra a sala de contabilidade.
Ao parar em frente a sala bateu na porta e a abriu, sorrindo para o homem baixinho que estava sentado atrás da mesa.
— Aqui estão os cálculos que me pediu ontem, George, desculpe a demora, precisei levar eles pra casa e terminar os documentos o senhor West havia me pedido.
— Sem problemas, obrigado — Disse abrindo a pasta — Eu não sei o que faríamos sem você nessa empresa — Disse fazendo a loira rir e negar antes de sair da sala.
[...]
Já se passava dás duas quando uma movimentação entre os funcionários se formou, Meredith ergueu o olhar vendo um carrinho com taças e champagne ser colocada mais a frente, assim como um carinho com um bolo consideravelmente grande.
— Ele chegou — Stephanie lhe soprou.
— Ótimo, era tudo o que eu precisava — Bufou voltando a focar nos papéis que analisava.
A loira suspirou mordendo a ponta do lápis enquanto resolvia um cálculo em sua cabeça e o anotou, olhou os outros e fez o mesmo.
A movimentação continuou por alguns minutos até o som do elevador se fazer presente, o corpo de Meredith tencionou na mesma proporção que seus olhos se ergueram a tempo de ver Derek sair todo sorridente de mãos dadas com Rose e ao lado do sogro.
— Ai está ele! — A voz de Burke ecoou, o melhor amigo de Derek e aliado na traição.
Seus olhos prenderam-se no casal, a morena parecia radiante ao lado de Derek, os olhos de Rose brilhavam como lanternas no meio da noite, ela estava feliz e Meredith se sentia mal por querer que não, pois estava ferida, afinal foram anos dedicado a Derek, ao namoro e noivado para então ser descartada por uma garota rica.
O som de um estourar lhe fez sair de sua bolha enquanto colocava a franja atrás da orelha e voltava a focar no trabalho, Derek Shepherd não valia a pena, precisava focar no trabalho e apenas nisso.
— Não vem comemorar com a gente? — A voz tranquila e doce lhe fez erguer o olhar vendo Rose lhe estendendo uma taça, pegou a contra gosto.
— Obrigada e não, eu tenho muito trabalho.
— Você sempre tão dedicada, papai deveria lhe dar uma promoção — Disse sorrindo e sentou-se na ponta da mesa — Senti sua falta no casamento.
— Eu não pude ir, estava... Viajando — Disse a primeira coisa que veio a mente, Rose sorriu sugestiva.
— Alguma pessoa especial?
— Sim — Pronunciou rapidamente — Fui com minha namorada, ela tirou uma folga do trabalho pra passar um tempinho comigo, afinal passamos tanto tempo sem nos vermos por causa dos afazeres.
— Sim, é sempre bom, Derek sempre me levou a muitos lugares nos finais de semana, o último foi a... Sete meses, quando ele me pediu em casamento, foi incrível, passamos o final de semana no resort Calamu, você já foi lá? É maravilhoso.
— Sim, eu já fui — Forçou um sorriso, não estava mentindo, ela realmente havia ido e com Derek, há dois anos antes e fora lá que ele a pediu em casamento também, apertou o lápis e pegou a taça tomou tudo em um grande gole.
— Querida, deixa a senhorita Grey trabalhar, ela certamente está muito ocupada — A voz de Derek ecoou e Meredith sentiu toda raiva voltar, lhe daria um soco se fosse possível, mas apenas respirou fundo.
— Não seja bobo, Meredith e eu já somos ótimas amigas e ela estava me dizendo que não pode ir ao casamento, pois estava viajando com a namorada — Derek encarou a loira.
— Namorada?
— Pois é, fiquei tão supresa quanto você, aliás, Meredith, precisamos marcar um jantar, a gente precisa conversar fora desse escritório.
— Séria ótimo.
— Que tal no próximo final de semana? No sábado.
— Eu vou precisar ver, a Addison é bem ocupada e quando temos um tempinho preferimos ficar curtindo em casa, vendo um filme, precisa ver como ela é romântica, semana passada me fez uma surpresa maravilhosa no meu apartamento, encheu a banheira com pétalas de rosa e encheu o banheiro com velas, pediu o jantar e escolheu o meu vinho preferido, então colocou a nossa música pra tocar, dancing in the moonlight — Suspirou — Haviam pétalas de rosas pelo chão inteiro, luzes de natal iluminando a sala escura e velas acesas na mesa — Rose colocou a mão no peito encantada — Antes do jantar ela me tirou pra dançar e começou a sussurrar a canção no meu ouvido e me fez girar enquanto dançavamos, ela sabe como amo dançar a dois e ela... Ela me faz tão bem, principalmente quando diz que eu sou a única no mundo e que não acredita em um futuro sem mim — Sorriu com os olhos sonhadores e se recriminou por estar se deixando levar por sua mentira — Desculpe, é que a Addison... Ela me faz a mulher mais feliz do mundo.
— Não se desculpe, Meredith, isso foi tão lindo, ela é uma garota de sorte.
— Eu quem sou, pois a Addison faz tanto por mim que nem mesmo parece real.
— Porque ela não é, Meredith — Sua mente gritou, Derek a analisou com a feição de poucos amigos.
— Bom, eu preciso levar isso no outro setor — Mostrou a pasta e e levantou pegando o celular — Obrigada pela champagne, Rose, é sempre muito bom vez você.
— Sempre é bom ver você também, me ligue para marcamos o dia.
— Certo, Shepherd — Disse e saiu em direção ao elevador sob o olhar dele.
— Ela é uma garota tão sortuda e essa Addison tem muita sorte, Meredith é uma mulher incrível — Rose disse arrumando a gravata dele completamente distraída.
— É, é sim — Rose lhe deu um selinho e seguiu para perto do pai segurando as taças, Derek encarou a mesa da loira e então seguiu a esposa, sob o olhar de Stephanie.
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