sexta-feira, 18 de outubro de 2024

A Sogra — História

  Capitúlo 14

Nate abraçou Andrea por trás ao entrarem no quarto e lhe beijou no pescoço, ela o fez soltar sua cintura e afastou-se.

— O que foi?

— Estou cansada e um pouco enjoada, provavelmente estou entrando em meu período fértil — Mentiu, há meses não entrava em seu período fértil por causa do remédio que tomava — Provavelmente chegue essa noite ou amanhã já que não tomei a medicação.

— Vai demorar a passar?

— Não sei — Disse entrando no closet, vestiu-se rapidamente e saiu amarrando o robe — Eu vou descer e preparar um chá — Disse prendendo os cabelos e saindo do quarto após pegar o celular, soltou o ar ao fechar a porta e desceu para o andar de baixo, colocou a chaleira no fogo e pegou um sachê de chá, assim como uma caneca, olhou para o celular e respirou fundo antes de ligar.

— Alô?

— Oi mamãe — Disse coçando a nuca.

— Oi querida, o que aconteceu? — Andrea comprimiu os lábios sentindo o turbilhão de coisas dentro de si, encarou o teto tentando não chorar.

— E-eu não sei se quero continuar.

— Sobre o que está falando querida?

— O Nate, mamãe, eu não sei, eu não consigo — A voz embargou.

— Respire querida, está tudo bem — Disse com a voz calma, Andrea puxou um bocado de ar — Consegue falar agora?

— Sim — Murmurou.

— Conheceu alguém, não foi? — Perguntou, Andrea ainda se surpreendia com a facilidade que Claire sabia coisas sobre ela antes mesmo que ela pudesse explicar.

— Sim.

— Oh querida — Disse em compreensão — Está tudo bem em se apaixonar por alguém, você não estar errada por se apaixonar.

— Isso não pode acontecer mamãe.

— Claro que pode Andy é tão normal como respirar, com cada pessoa acontece de uma maneira, por mais que no final sempre pareça tão igual, ninguém está imune a isso — Andrea fechou os olhos, eram essas palavras que não queria ouvir.

— Eu estou apaixonada pela Miranda, mamãe, estou apaixonada pela minha sogra — Sussurrou sentindo as lágrimas caírem, o silêncio reinou do outro lado da linha — Mamãe? — Sentiu o medo correr por seu corpo.

— Só um minuto querida — Disse tranquila e Andrea pode ouvir sons de passos — Richard onde você deixou meu notebook.

— Por Deus, Claire, me deixe dormir.

— Sua filha está apaixonada e você está pensando em dormir, Richard? Tenha dó — Disse impaciente.

— A Andy ta apaixonada? Por quem?

— Pela sogra.

— Menos mal — Disse deixando Andrea incrédula.

— Mamãe o que está fazendo?

— Procurando essa Miranda Leslie.

— Priestly, mamãe — A corrigiu.

— Deve ser por isso que não encontrava — Disse parecendo concentrada no que fazia — Ela até que é bonita — Andrea teve que rir, só mesmo sua mãe para lhe fazer rir enquanto se sentia tão angustiada e perdida, secou o rosto molhado pelas lágrimas.

— Mamãe, eu estou falando de um assunto sério.

— Eu também querida, seu pai e eu iremos apoia-la no que escolher, em quem você escolher amar, principalmente se não for esse seu namorado, nós amamos você, Andy e vamos continuar amando independente de quem escolher ficar, mesmo que você escolha o Nate, claro que eu vou lamentar por você não ser lésbica, mas vou te apoiar — Andrea riu nasaldo — Faça o que achar que deve fazer.

— Eu não sei o que fazer.

— No momento certo você saberá, querida.

.§.

Os passos tranquilos adentraram a cozinha e logo os olhos claros pararam em Andrea que tinha o nariz vermelho pelo choro enquanto deixava o celular sobre a ilha, seus olhos se ergueram encontrando Miranda vestida em um robe longo vinho.

— Tudo bem querida?

— Sim — Sorriu secando a lágrima — Estava apenas falando com minha mãe.

— Cass e Caro também choram quando eu viajo e ligo pra eles — Andrea riu sem conseguir contralar — Venha aqui — A puxou para um abraço, Andrea escondeu o rosto na curva do pescoço da mais velha e aspirou seu cheiro, flor de pessegueiro, ela desejou ficar ali pra sempre sentindo as borboletas junto ao frio na barriga, o arrepio da pele, a sensação de paz que Miranda lhe transmitia.

Miranda lhe acariciou as costas e aspirou o cheiro de Andrea o tanto que pode, queria guardar para si ao menos o cheiro daquela que não poderia ter, afastou-se para olha-la nos olhos e lhe tocou o rosto secando os rastros dás lágrimas, Andrea fechou os olhos implorando para que Miranda não pudesse ouvir o quão acelerado seu coração batia por ela e voltou a olha-la nos olhos, ficando naquela bolha apenas delas, até o som de apito ecoou pelo cômodo, Andrea nem mesmo se lembrava da chaleira no fogo, mas não era para menos, estava nos braços de Miranda a poucos segundos, o único contato que conseguiria ter da mulher que descobriu estar apaixonada.

— Está sem sono? — Perguntou ao afastar-se, Miranda sentou-se em frente a ilha.

— Sim, então desci pra preparar um chá — Disse observando o corpo da morena coberto pelo robe de seda, pêssego — E por que chorava?

Andrea lhe entregou a caneca que havia pego para si e pegou outra no armário.

— Minha mãe sendo minha mãe — Sorriu sentando-se ao lado da mais velha — A maioria dás vezes que conversamos eu tomo banho com minhas lágrimas — A olhou.

— Cass e Caro normalmente pedem para que eu volte pra casa para coloca-las na cama — Andrea riu novamente.

— Como eu disse, não são todos que podem fazer parte da vida da rainha da moda — Miranda deu de ombros bebendo um gole do chá — Você pareceu surpresa ao ver as meninas colorindo desenhos diferentes.

— Eu realmente fiquei, você foi a única a conseguir algo do tipo, eu tentei incansáveis vezes fazer com que até mesmo dormissem em camas separadas ou colocasse roupas diferentes, Cass sempre pula para a cama da irmã no meio da noite — Andrea riu nasalado — A ideia das roupas nunca foram aceitas, nem mesmo desenhos elas fazem diferentes ou mudam o sabor do sorvete sem a outra mudar, você conseguiu isso em segundos — Andrea brincou com a caneca em silêncio por alguns minutos, Miranda não lhe forçou a falar, apenas esperou pacientemente, coisa que não faria com outra pessoa que não fosse seus filhos ou Nigel.

— Como se apaixonou... — Sua voz saiu sussurrada — Por ela? — A olhou nos olhos.

— Eu simplesmente a vi.

— A buscaria se pudesse?

— Como jamais busquei nada em toda minha vida — Respondeu tão segura de suas palavras que Andrea por um momento quis ser a tal mulher ao qual Miranda amou.

— Eu amei alguém... — Sentiu a garganta fechar e os olhos marejarem, então suspirou olhando pra cima — Uma vez.

— E o que aconteceu?

— Eu não pude ficar — Sussurrou.

— Por que? — O som do celular quase fez Andrea suspirar em alívio por não precisar responder, pegou o aparelho e sorriu ao ver que era Doug.

— Você não vai acreditar — Gritou e Miranda encarou o aparelho que estava no viva-voz, Andrea riu da feição da mais velha.

— Não grite Doug.

— Cala boca garota — Disse a alguém que conversava ao longe — Você vai ter um inferto quando souber.

— Doug, cuidado com suas palavras, estou no viva-voz.

— Ta.

— O que aconteceu?

— A Lily sumiu — Disse tranquilo.

— O que?! E você fala assim tranquilo?

— Só escuta.

— Tudo bem.

— Ela sumiu e a gente tava saindo de uma festa daquele meu amigo que você não gosta, ai quando eu olho para o outro lado da sala eu quase tive um infarto — Dramatizou — Sapatão incubada, vulgo Lily tava atracada com aquela ruiva que trabalha como secretária na revista da diaba gostosa Priestly, vulgo sua sogra — Andrea arregalou os olhos completamente envergonhada encarando Miranda — Depois sumiu com a ruiva e me deixou sozinho na festa, ai eu vim pra casa.

— Céus, Doug — Disse querendo esconder o rosto — Em sua defesa, me diz que ta bêbado.

— Eu não, noventa e sete por cento sóbrio, eu estava dirigindo, não podia beber, por que?

— Miranda está aqui do meu lado.

— Não brinca! — Perguntou extasiado — Andy, você não tava no viva-voz?

— Pois é, não é — Ironizou e Miranda começou a rir.

— Miranda não derrete meu coração — Doug disse — Andy, casa com ela, eu tenho até um shipp pra shipar o nome é Mirandy, vai virar sucesso nas redes — Andrea escondeu o rosto nas mãos enquanto Miranda lhe olhava achando graça, não conseguia entender o filho não conviver com os amigos de Andrea, pareciam divertidos, Cassidy e Caroline com certeza adorariam Doug.

— Tem certeza que bebeu pouco? Você não é assim.

— Acho que tinha alguma coisa nos brownies, eu comi alguns.

— Alguns quanto, Doug?

— Cinco ou seis, Andy não come aquele negócio, ele vicia — Andrea riu sem conseguir se conter.

— Vai tomar um banho e deitar, Doug, daqui a pouco você vai ta bem.

— Ta, tchau Miranda, anota meu número, eu posso te contar os podres da Andy, eu trabalho com moda também, se quiser me contrar meu número é, sete, sete, dois, nove... Quatro, meia, nove — Disse e Andrea negou rindo.

— Isso você não esquece, não é?

— Claro que não, como você acha que eu encontro os caras na balada? Eu tenho que decorar meu número até meio chapado.

— Okay, agora já para o banho — Disse e desligou — Desculpa por isso, ele constuma ser o mais certinho dos três.

— Eu o achei divertido, acho que é a única pessoa que fala comigo sem medo.

— Efeitos do Brownie — Disse divertida — E é impossível não temer a você, Miranda, você pode ser tudo o que queremos ser ou ser todo o que queremos ter — Sorriu de canto e suspirou lentando — Eu vou subir, boa noite.

— Boa noite — Disse sem olha-la e tomando um gole do chá.

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