quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Inventando Addison — História

Capitúlo 4

Meredith praticamente empurrou a ruiva para a sala de arquivo, o que notou segundos depois que era uma péssima ideia, pois precisavam ficar muito perto uma da outra.

A ruiva analisou o cubículo que estavam e então voltou a encarar a loira que deu um passo pra trás batendo as costas em uma prateleira, resmungando por ter batido a cabeça.

— Não tinha nenhum lugar melhorzinho?

— Diz o que quer, eu tenho que trabalhar.

— Pensei que fosse mais bem humorada pra uma pessoa de mente fértil — A loira revirou os olhos cruzando os braços e bateu o pé no chão — Okay — Revirou os olhos — Eu vim te fazer uma proposta — Disse em baixo tom, não podia correr o risco de serem ouvidas.

— Que seria?

— Você se passa por minha namorada na frente dos meus pais por algum tempo e eu me torno a namorada perfeita que você tem criado na frente do Shepherd.

— Por que eu faria isso?

— Pra não sair como mentira e acabar com a vida do ex-noivo babaca — Deu de ombros — E eu preciso de uma namorada ou perco meu cargo.

— Pensei que fosse a dona.

— Meu pai acha que eu preciso de um pouco de juízo de passar a revista diretamente para o meu nome, digamos que eu fui um pouco imprudente saindo com tantas garotas e sendo fotografada por paparazzis, é isso que acontece quando você é uma das solteiras mais ricas e cobiçadas de uma cidade — Deu de ombros e revirou os olhos.

— Ainda não é motivo pra me fazer te ajudar — Addison aproximou-se de sua orelha, fazendo-a suar.

— Nem se eu te disser que eu frequento mais festa ao qual Derek Shepherd está do que você possa imaginar? — Meredith a olhou nos olhos.

— Você acha mesmo que isso é por vingança?

— Não, acreditaria que é se fosse qualquer outra pessoa, mas não você.

— O que quer dizer?

— Eu vi vocês na sexta e se você não achar que ele deve provar do próprio veneno, é porque você é boa demais e sim, Meredith, boas meninas entraram no céu, mas não sobrevivem na terra — Disse arrumando a postura, tirando algo da bolsa — Esse é o meu número pessoal, me ligue quando decidir que aceita minha proposta — Meredith encarou o cartão, mas o pegou, então a ruiva saiu da saleta deixando-a encarando o pequeno papel.

[...]

— Eu acho que você deveria aceitar — Cristina disse do outro lado da linha, Meredith havia lhe ligado minutos depois de sair da saleta, estava trancada dentro do banheiro desde então, sentada sobre o vaso fechado.

— Eu não sei, Cristina.

— Pensa bem, Meredith, você já diz que namora com ela há dias, só teriam que fazer isso em publico.

— Isso implicaria em contato físico.

— Você mesmo disse que ela é uma deusa, o que custa?

— Aquela questão importante, talvez?

— Isso é o de menos, já disse, você não precisa ser lésbica, só Addisonsexual.

— Isso nem mesmo existe, Cristina.

— Claro que existe, eu, por exemplo, era lésbica, hoje eu sou Teddysexual, só me envolvo com ela, não com mulheres, o que eu estou dizendo é que você não precisa se envolver com mulheres, só com a Addison e sentir só atração por ela, é normal.

— Eu não disse que sinto.

— Ta, vamo' lá — Disse calmamente — O que você sente quando ela chega perto?

— Hm... Garganta seca e começo a suar — Respondeu pensativa.

— Sente o corpo tremer?

— Um pouquinho, mas isso é normal.

— Com quem mais você se sentiu assim, Meredith?

— Com o...

— Exatamente — A interrompeu — O fato é... Vai nessa, faz por você, pra se descobrir, se você beijar ela e ficar por isso mesmo, ótimo, segue com seu teatro e depois deem tchau, se não, só deixa acontecer e transa muito, você ta precisando mesmo.

— Eu não sei não, Cristina.

— Garota, você passou mais tempo com o chatonildo do que conseguiu se descobrir como mulher, só transou com dois caras antes dele, nem teve tempo de experimentar o morango pra saber se é mais saboroso que a berinjela, o que de fato, é — Ressaltou — Você merece a experiência, sabe que eu não te colocaria nisso se não tivesse certeza, o seu namoro com o cherno, eu só não tirei, porque não queria ser tachada de amiga ruim, mas eu tinha razão.

— Okay, mais ainda assim eu vou pensar um pouco antes de ligar pra ela, se é que eu vou ligar.

— Ta legal, agora eu tenho que ir ou vou ter que passar do horário de almoço pra ficar trabalhando e você sabe que eu sou um perigo com fome — Meredith revirou os olhos e desligou, então respirou fundo, pegou o cartão e o encarou novamente.

[...]

— As perguntas das entrevistas serão entregues a você a partir dás duas tarde por e-mail, o pessoa da maquiagem e fotografia já estão informandos do horário que iremos na quarta, deixa eu ver... — Mark disse analisando suas anotações — Ah claro, os designers de ideias pra capa do mês já estão prontas, eu preciso que você escolha.

— Se eu preciso escolher, deveriam estar na minha sala, estão esperando que eu vá buscar? — Perguntou erguendo o olhar para ele.

Mark deu de ombros e a viu estender a mão para pegar o telefone apoiando-o no ombro enquando continuava a escrever em sua agenda.

— Nia, ligue para o pessoal do designer e pergunte por que as capas não estão na minha sala e se eu terei que ir buscar, por não ter alguém capaz de fazer isso — Disse e colocou o telefone no lugar sem deixar a garota responder.

— Que mal humor é esse?

— O que você acha? — Perguntou abrindo a gaveta e tirando uma pasta de dentro — Meu pai não para de falar da droga das fofocas, isso porque passei o sábado praticamente todo com eles e o domingo estava enfurnada no escritório de castrabalhando.

— Não falou com a garota? A Merelyn.

— Merelyn? Quem é essa?

— A loira que você conheceu e que te usa como namorada.

— Meredith, Mark, Meredith — O lembrou.

— Isso.

— Eu falei com ela antes de vim pra cá, estou esperando que ela ligue e me diga algo — Assinou uma folha e a colocou para o lado, então fez o mesmo com a outra.

— Acha que ela vai aceitar?

— Talvez, mas não acho que se aceitar, aceite por vingança, se ela fosse como as garotas com que costumamos sair, sim, mas ela não me parece esse tipo.

— E qual parece o tipo dela?

— Que quer casar e ter a casa cheio de crianças — Mark riu.

— Se essa garota aceitar e conseguir fazer sua cabeça eu já até imagino você pensando no enxoval e no quarto das crianças — Addison o encarou vendo-o vermelho de tanto rir e acabou rindo junto jogando-lhe uma caneta.

— Idiota — Pegou outra caneta — E o problema não são os filhos, você sabe disso, é o casamento, eu posso ter filhos e continuar transando com as garotas que quiser, mas se eu casar, terei que ser fiel a apenas uma.

— Bom, não necessariamente.

— Se eu posso pegar quem eu quiser sendo livre e desimpedida, por que eu perderia essa facilidade me casando? Me poupe, Mark, eu posso transar com váriamulheres e não vê-las mais, mas não sou cafajeste a ponto de fazer uma ficar presa a mim só pra pegar outra embaixo do pano, ao menos as que eu transo sabem que não vão passar disso, de uma transa.

— Com licença senhorita Montgomery — Nia disse após bater e abrir a portar — Os designers.

— Leve isso para o Bennett — Disse lhe entregando a pasta que havia acabado de assinar.

— Sim senhora.

— Obrigada — Nia sorriu de canto e saiu fechando a porta.

[...]

Meredith estava a mais de meia hora encarando o cartão pensando se deveria ou não ligar, já se passava dás quatro horas da tarde, em menos de três horas, acabaria o seu expediente.

Respirou fundo e pegou o celular discando o número, acionou o botão de chamar e encostou o celular no rosto, então esperou.

— Montgomery — A voz rouca ecoou do outro lado da linha, fazendo um frio correr por sua espinha — Alô? — Perguntou após alguns minutos de silêncio.

— Oi... É... Sou eu, Meredith — Disse sem muita certeza enquanto coçava a testa — Poderíamos conversar?

— Claro, estou a disposição, eu estou na Montgomery, vou ficar até umas oito horas, talvez mais, por que não vem até aqui? Nós conseguiremos conversar melhor, sem interrupções.

— Okay — Disse e mordeu o lábio — Eu saio daqui em duas horas e meia.

— Tudo bem, a sua entrada estará liberada quando chegar, basta dar o nome na recepção.

— Ta, tudo bem.

— Até daqui a pouco, Grey — Meredith nada respondeu, apenas desligou e levou a atenção ao computador voltando a digitar um e-mail, focada nas horas que se passavam.

A ansiedade estava irritando a loira que a cada segundo olhava para o horário, sentia-se nervosa, até mesmo cogitando a possibilidade de não ir.

Assim que o relógio deu seis e quarenta, organizou sua mesa, desligou o computador e pegou suas coisas saindo, e despedindo-se de todos.

Cumprimentou rapidamente o segurança noturno como todos os dias e seguiu para a rua em busca de um táxi, não via a hora de pegar o carro na oficina, o que ajudava era que Cristina lhe deixava no trabalho em dias em que seu carro precisava de revisão.

— Para onde senhorita?

— Montgomery, por favor — O homem afirmou dirigindo pelas ruas.

Três paradas — por causa do trânsito, — depois, Meredith pagou a corrida e desceu, subiu a pequena escadaria que dava para dentro do prédio e seguiu para a recepção cumprimentando o segurança.

— Boa noite, eu estou procurando Addison Montgomery, da parte de Meredith Grey.

— Boa noite senhorita Grey, pode seguir para aquele lado — Apontou para o lado direito — Ali ficam os elevadores, vigésimo andar, ela está lhe aguardando.

— Obrigada — Sorriu e seguiu para os elevadores, assim que chegou adentrou o que estava no térreo e apertou o último botão do painel.

Seus dedos logo começaram a puxar sua cutícula enquanto esperava os andares passarem, virou-se para o espelho ajeitanto os cabelos, não queria parecer descabelada e nem desleixada, não podia perder sua namorada de mentira também.

— Céus, parece um ninho de rato — Murmurou e tentou ajeita-los, as portas se abriram a assustando, então ela seguiu para fora, observou o local em tons de marrom, preto e vermelho, marca registrada do revista.

Haviam poltronas e mesas em um canto, um sofá em forma de U no centro, um pouco a frente da recepção, apos um degrau, um mesanino com uma bela janela de vidro, o chão eram em assoalho de madeira marrom com um grande tapete negro e vermelho.

— Posso ajuda-la? — A voz tranquila lhe chamou atenção, Meredith sorriu de canto.

— Oi eu sou Meredith Grey, a Addison está me esperando.

— Claro, venha comigo, por favor — Nia saiu de trás do balcão e seguiu para a porta, aonde bateu e abriu.

Sobre o braço da secretária Meredith pode ver a ruiva caminhando pela sala com uma folha em cada mão, óculos de grau de armação retangular vinho quase na ponta do nariz, os cabelos estava com o mesmo rabo de cabelo de mais cedo.

— Senhorita Montgomery.

— Sim Nia — Disse posicionando-se atrás da mesa sem erguer o olhar, deixou as folhas sobre a mesa e colocou as mãos na cintura, ainda atenta ao qur olhava.

— A senhorita Grey — Os olhos verdes finalmente se ergueram e algo tremeu no interior de Meredith.

— Obrigada, você já pode ir, nos vemos amanhã.

— Até amanhã, com licença — Disse e após Meredith entrar na sala, saiu fechando a porta.

— Seja bem vinda ao meu covil, Grey — Sorriu — Sente-se, fique a vontade — Retirou os óculos deixando sobre a mesa — Quer beber algo? Uma água, um café, um suco?

— Não tem nada mais forte?

— Apenas whiskey e conhaque.

— Whiskey está ótimo — Addison seguiu para o bar e serviu duas doses — Estou curiosa com o motivo que te fez vir aqui — Disse e então aproximou-se do sofá aonde a loira estava e sentou-se a pouco centímetros de distância, lhe entregando o copo.

Meredith tomou um gole da bebida como se precisasse de coragem e fez uma careta, Addison sorriu com seu ato.

— Eu estou pensando seriamente se deveria ou não ter vindo.

— Ah vamos, Grey, você consegue fazer melhor do que isso — Tomou um gole da bebida e Meredith a observou, a ruiva nem mesmo fez careta.

A ruiva sentou-se de lado no sofá ficando de frente pra ela e apoiou o cotovelo no encosto do estofado.

— Sei que não veio aqui por vingança, você não parece esse tipo de garota, então por que veio? — Perguntou olhando-a nos olhos.

— Por mim — Encarou o copo não conseguia manter o olhar naqueles verdes intensos e curiosos — Eu conversei com minha melhor amiga e ela disse que seria uma boa ideia, por mais que não seja uma vingança pelo que o Derek me fez passar, você tem razão, ele merece sentir na pele o que eu senti, por que não foi apenas a traição do Derek que doeu, foi notar que durante esses anos ele levou mais de mim do que eu pude notar até o fio ser cortado, ele levou a minha confiança na profissional que eu sou, na mulher que sou — Olhou para a ruiva.

— Sabe que aceitando isso, nós teremos que nos beijar em certos momentos, não sabe?

— Eu sei — A viu sorrir por trás do copo dando um último gole na bebida — Tire esse sorrisinho dos lábios, faremos isso apenas quando necessário e quando estivermos acompanhandas por outras pessoas  e que seja do seu círculo de pessoas, eu só tenho duas amigas e elas sabem que você era imaginária até alguns dias.

— Sim senhora, você quem manda — Deixou o copo sobre a nesa de centro e voltou a olha-la — Creio que eu vá precisar saber mais de você, já que estamos namorando há... Dois anos?

— Não, a história é que nos conhecemos a um ano meio, você viu como o meu relacionamento com o Derek não estava me fazendo bem, então se aproximou, ah, nós nos esbarramos na rua e como pedido de desculpas você me chamou para tomar um café, viramos amigas e a pouco tempo depois, você me beijou, eu me afastei e depois fui te procurar dizendo que queria tentar e que terminaria meu relacionamento pra ficar com você, mas antes que eu pudesse terminar com ele, ele se casou com outra, então nós passamos a namorar.

— E como explicamos as minhas acompanhantes?

— Foram antes de nós começarmos a namorar, você é muito apaixonada por mim, diz até que não imagina uma vida aonde eu não estou — Addison observou o sorriso discreto nos lábios carnudos e ergueu o olhar para os olhos azuis.

— Eu sou muito romântica.

— Muito, até escolheu dancing in the moonlight como nossa música, porque sabe como amo clássicos, além de me adorar fazer surpresas como dançar na sala, jantares a luz de velas e banheira com pétalas de rosas.

— Não sei como resistiu tanto tempo a mim — Meredith riu e desviou o olhar para o copo.

— Bom... — Bebeu o resto do whisky e deixou o copo próximo ao da ruiva — Quando tiver algum evento que eu tiver que ir, você tem que me avisar com uns três dias ou uma semana de antecedência e me dizer o que preciso vestir, creio que meu guarda-roupa não está a altura de suas festas.

— Tudo bem, eu vou precisar saber sua cor e comida favorita assim como flores? Estação do ano e lado da cama?

— Tirando o lado da cama, sim, você precisa saber.

— E por que eu não preciso saber o seu lado da cama?

— Não é como se fôssemos dormir juntas.

— Nunca se sabe — Disse sugestiva — Nessa sua fantasia, não tinha sexo?

— Não.

— Precisamos mudar isso, que fantasias mais sem graça — Fez um bico entortando os lábios em tédio.

— Minha cor favorita é azul, estação do ano é outono, comida favorita é qualquer coisa que tenha massa e eu não como anchovas, minha flor favorita são três, rosas não importa a cor, pêoneas e lírios brancos, às vezes gosto das tulipas — Ignorou sua fala.

— Por que às vezes?

— Porque eu sempre esqueço que há flores além das outras três — Deu de ombros — Minhas melhores amigas são  Cristina e Teddy, eu conheço a Cristina desde os nove anos e a Teddy desde a faculdade, elas namoram.

— Okay... — Disse tentando memorizar.

— Precisa anotar?

— Não senhorita Grey — Respondeu encarando-a — Continue.

— Eu... Hm... Não que seja muito relevante, só tive três parceiros sexuais até hoje.

— Alguma experiência lésbica?

— Não, tecnicamente você é a minha única experiência.

— Eu sou realmente muito sortuda — A loira riu sem conseguir conter — Precisamos criar histórias sobre nossas atividades sexuais.

— Por que disso? — Perguntou achando que era uma brincadeira.

— Acredite em mim, quando estivermos em um círculo de mulheres casadas, isso não inclui minha mãe, nem a tia Clarye, mas sim, Rose e companhia de riquinhas bancadas pelos pais, elas vão se vangloriar sobre o sexo com os noivos, namorados, maridos, enfim, como eu não sigo esse padrão e sou a única lésbica assumida do meio, sempre as deixo morrendo de inveja e nenhuma história é mentira, só pra deixar claro.

— Okay — Limpou a garganta e olhou para o relógio — Eu preciso ir.

— Que tal almoçarmos amanhã e planejarmos as histórias?

— Só estarei livre no sábado a noite, eu te mando a minha localização, terei uma semana cheia.

— Tudo bem — Disse levantando-se e acompanhando-a até o elevador, Meredith apertou o botão do elevador e assim que as portas se abriram ela entrou.

— Até sábado.

— Até Grey — Respondeu sorrindo e observou as portas se fecharem.

Meredith apoiou-se na parede do elevador e respirou fundo, aquilo era loucura, mas não sabia se queria ou daria tempo de voltar atrás.

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Nota da Autora

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