segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Tinha Que Ser Você — História

    

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Capítulo 36

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A perseguição seguia intensa, Jane correu para um lado e Rose para outro, cercando o homem, a morena atirou e desviou, escutou o som de um outro tiro que acertou próximo onde estava e logo outro, então saiu atirando mais uma vez e se escondendo.

O grito de dor ecoou e o homem caiu, as duas correram até ele e o homem e o pegaram.

— Jane! — Escutou Frankie gritar e olhou vendo-o abaixado, Korsak estava junto, falando no rádio.

— Preciso de uma ambulância no galpão, temos um policial ferido.

— Frost! — A morena disse vendo-o ensanguentado — Calma, você vai ficar bem — Disse mesmo não tendo tanta certeza, Frost a apertou enquanto engasgava com o próprio sangue, ela pressionou seu ferimento.

Em menos de dez minutos a ambulância chegou, os paramédicos levaram Frost para o hospital enquanto dois policiais levaram o homem.

Todos os quatro seguiram para o hospital e sentaram-se na sala de espera enquanto Frost passava por uma cirurgia de emergência.

— Vim assim que soube — Maura disse adentrando a sala — Como ele está?

— Ainda não sabemos, o levaram para a cirurgia — Rose disse, Maura abaixou em frente a esposa e a olhou nos olhos.

— Você ta bem?

— Sim, é o sangue do Frost — Disse com a voz baixa, Maura suspirou afirmando e a beijou na testa.

— Eu vou ver se consigo alguma notícia — Levantou-se vendo-a afirmar, então caminhou em direção ao balcão da recepção.

Jane a observou conversar com a enfermeira e lhe mostrar as credenciais, então a seguiu corredor adentro, sumindo de seu campo de vista.

O silêncio voltou a reinar entre os quatro e a única coisa que era ouvida eram os sons do hospital, pessoas conversando e altos falantes, em pouco tempo o hospital estava repleto de policiais esperando informações sobre o colega.

Maura voltou tempos depois, junto a ela estava o médico responsável pela cirurgia de Frost, a feição da loira era neutra, mas Jane conhecia seu olhar e isso fez seu coração doer.

— E então? O Frost está bem? Podemos vê-la? — Frankie perguntou.

— Durante a cirurgia do senhor Frost, houve uma complicação, a bala ficou alojada em um ponto vital de seu corpo, sua aorta foi rompida e ele perdeu muito sangue, teve três paradas cardiovasculares e nós conseguimos as primeiras duas, na terceira não tivemos tanta sorte e ele chegou a óbito — Todos ficaram em completo silêncio, mas suas feições demonstravam tristeza com o ocorrido.

Maura aproximou-se da morena que estava sem reação, sabia o quanto Jane e Frost se tornaram inseparáveis com o passar dos anos.

— Amor... — Disse com calma.

— Eu vou ligar pra mãe dele — A interrompeu e saiu da sala de emergência.

— De um tempo a ela, acho que ela precisa mais do que todos nós — Korsak disse com a voz calma e Maura o olhou afirmando e soltou o ar, sentando-se.

[...]

Maura entrou em casa e viu Angela sentada na sala junto a Hope, a mulher lhe olhou com um largo sorriso, mas assim que viu os olhos vermelhos da loira, ele se desfez.

— Maura, o que aconteceu?

— Jane e os outros estavam em uma perseguição, trocaram alguns tiros e... Um deles atingiu o Frost — Disse sentindo os olhos marejarem — Ele passou por uma cirurgia de emergência, mas não resistiu.

— Santo Deus — Angela disse com a mão sobre o peito — E a Jane?

— Ficou esperando a mãe do Frost e resolvendo os trâmites para o velório, Korsak, Walsh e Frankie foram para o departamento para interrogar o homem — Sentou-se passando as mãos pelo rosto — Acho que vai ser melhor adiar o casamento por um tempo, só até que a Jane se sinta melhor.

— Claro, podemos resolver isso com o buffet e o restante — Hope disse sorrindo de canto.

— Como ela reagiu?

— Parecia em choque, depois ficou completamente inacessível, é como se ela não estivesse no próprio corpo, porém está se fazendo de forte.

— Tudo vai ficar bem, querida — Angela disse lhe acariciando nas costas.

— Eu vou subir e tomar um banho, depois vou voltar pra lá, não quero deixar a Jane sozinha.

— Vá, nós cuidamos do assunto do casamento e depois eu vou até lá — Maura afirmou e seguiu para o andar de cima.

Tomou um bom banho e escolheu uma calça preta, assim como a blusa, saltos da mesma cor e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo, pegou a bolsa e então desceu, passando pelas duas mulheres ao seguir pra porta.

O caminho até o local onde Jane estava não foi demorado, dado ao horário, Korsak já estava ali novamente, assim como Rose, Maura caminhou até a esposa e segurou sua mão.

Jane lhe encarou vendo seus olhos preocupados e sentiu-se um pouco culpada pela maneira que ágil mais cedo, Maura não tinha culpa do ocorrido, ninguém além do assassino de Frost tinha aquela culpa.

— Tudo bem? — Murmurou e a morena afirmou.

— Sim — Murmurou de volta — Maur, eu sinto muito, eu não queria ser grosseira, eu só...

— Ta tudo bem — A interrompeu e lhe acariciou na bochecha — Eu amo você e eu sei que por mais que não esteja demonstrando agora, você se sente mal, Frost era o nosso amigo, quase seu irmão, amor, ta tudo bem — Sorriu de canto, um sorriso triste, Jane a beijou na testa e a abraçou.

— Obrigada por estar aqui.

— Sempre, amor — Disse e a olhou nos olhos — Por que não vai em casa, toma um banho e respira um pouco, depois volta, eu posso ir com você.

— Não precisa — Lhe deu um selinho e suspirou antes de sair, Maura encarou Korsak que entendeu seu olhar e então seguiu a amiga.

[...]

O local tinha uma atmosfera triste, o que era normal para um velório, o padre falava palavras de conforto enquanto alguns nem mesmo pareciam ouvir.

Maura encarou Jane ao seu lado e cruzou seus dedos, a morena continuava igual, em silêncio e sem ter derramado uma só lágrima, isso de certo modo deixava a legista preocupada.

Jane encarou a foto do amigo em frente ao caixão, Frost tinha um largo sorriso e usava o seu uniforme da polícia, então perdeu-se ali, encarando a foto e lembrando-se de toda sua trajetória com seu bom parceiro, assim como as provocações.

Korsak subiu ao púlpito e disse algumas palavras, assim como Frankie, mas Jane parecia em outro mundo, não ouvia absolutamente nada ou sequer piscava, Maura lhe acariciou no braço chamando-lhe a atenção.

— Hora de irmos — Murmurou fazendo-a se dar conta de que todos já saiam de dentro da igreja.

As duas seguiram para o lado de fora, entraram no carro, ao qual estava sendo dirigido por Korsak e partiram através do carro funerário em direção ao cemitério.

Dois carros da polícia iam a frente do carro, assim como duas motos policiais iam logo atrás, em pouco minutos chegaram ao cemitério, todos se posicionaram para uma última despedida, flores foram jogadas sobre o caixão quando ele atingiu o fundo da cova.

Era como se algo estivesse errado, os tiros foram lançados assim como a bandeira foi entregue a mãe de Frost, ao final havia apenas um silêncio tórrido em Jane enquanto outros choravam.

Maura a abraçou e lhe beijou no ombro, mas nada disse, Jane a olhou recebendo o olhar de volta, vendo seus olhos tristes e preocupados, assim como cansados, então cruzou os dedos aos dela e seguiram para fora do cemitério.

O caminho para casa foi tão silencioso quanto o restante das primeiras horas após o óbito de Frost, Jane seguiu para o andar de cima, deixando Maura e Angela para trás e seguiu para o banheiro, arrancou suas roupas e abriu a água, mas ao invés de tomar seu banho encolheu no chão e finalmente deixou seu choro correr livre.

Maura apareceu um pouco depois, despiu-se e adentrou o Box a abraçando e lhe permitindo chorar, então a banhou com calma e a levou para a cama, cobrindo-a e abraçando-a até que Jane finalmente conseguisse dormir.

[...]

Era madrugada e a chuva caia forte por toda a cidade, Maura acordou sentindo a cama vazia ao seu lado, então desceu as escadas fechanndo seu robe.

Logo encontrou Jane sentada em frente a ilha da cozinha, aproximou-se e parou em sua frente, segurou sua mão e lhe sorriu de canto.

— Fiquei preocupada quando não te vi na cama — Disse com a voz calma, Jane brincou com seus dedos.

— Perdi o sono e não queria te acordar.

— Você pode me acordar, Jane, quer conversar?

— Não — Murmurou e a loira afirmou em compreensão — Eu estou sendo uma esposa terrível, não é? Te deixando de lado.

— Não está me deixando de lado, está sentindo seu luto, assim como eu e como Korsak ou o Frankie, está tudo bem — Deu a volta na ilha e a abraçou — Tudo vai ficar bem — A beijou no ombro.

Jane a abraçou apertado escondendo o rosto em seu pescoço sentindo o cafuné lento.

— Quer comer alguma coisa?

— Não — Murmurou e aspirou o cheiro de Maura que assim como a dona, lhe acalmava.

— Eu posso preparar um chazinho pra te ajudar a dormir ou um copo com leite morno — A beijou no ombro e acariciou suas costas — Jane negou — Quer ver alguma coisa na televisão?

— Não — Respondeu baixo e suspirou —  Eu não vou te fazer ficar acordada, você ta cansada, vamos subir — A beijou nos cabelos e levantou puxando-a pela mão para o andar de cima.

Assim que alcançaram o quarto, deitaram-se, Maura arrancou o robe e aproximou-se da morena a abraçando e fazendo um cafuné em seus cabelos, até que ela finalmente dormisse.

[...]

— Esse parece bom pra mim — Jane escutou Maura dizer enquanto descia as escadas.

— Sim, esse é ótimo — Angela concordou e ergueu o olhar vendo-a adentrar cozinha — Bom dia Jane.

— Bom dia Ma — Respondeu e deu um selinho em Maura que lhe analisou.

— Você dormiu bem?

— Sim — Sorriu de canto.

— Eu preparei waffles para o café da manhã, sei como adora — Angela disse com um leve sorriso nos lábios.

— Ma, eu agradeço, mas não precisa tentar me agradar, okay? Tudo aconteceu e fim.

— Foi uma perda traumática, Jane, eu também adorava o Frost, mas não estou fazendo isso porque você o perdeu, estou fazendo por você estar viva, cada dia que você volta pra casa, mesmo com arranhões, é um bom dia — Disse com a feição seria, mas com a voz tranquila.

— A Angela tem razão, Jane — Maura disse e lhe sorriu de canto — Agora sente ai e coma alguns waffles, você mal comeu ontem a noite.

— Eu não estou com fome, Maur — Suspirou sentindo-se, Maura lhe analisou.

— Eu vou deixar você com essa tarefa e vou trabalhar, vejo vocês a noite — Disse e beijou a filha antes de sair.

Maura aproximou-se da morena e a abraçou, após ficar entre suas pernas, Jane juntou suas testas.

— Deveria ter ficado na cama mais um pouco.

— Eu não consegui.

— Eu decidi adiar a nossa cerimônia por uns dois ou três meses, não seria bom fazer uma festa agora, principalmente quando sei que a minha esposa nem mesmo estaria prestando atenção no meu maravilhoso vestido de seda acetinado — Brincou fazendo-a sorrir e lhe dar um selinho demorado.

— Obrigada por estar do meu lado.

— O tempo inteiro — Sorriu e a beijou levemente, então afastou-se, pegou alguns waffles, cortou e colocou calda de caramelo e morangos — Abre a boca — Jane aceitou mesmo a contra gosto e a observou comer um pouco — A gente não vai deixar a Angela se mudar nunca.

— Vai ser uma pena não poder transar em qualquer lugar da casa.

— A gente já transou na sala e na cozinha com ela morando aqui.

— E há alguns dias atrás ela e a Hoppe quase pegaram a gente transando no sofá.

— Isso foi um pequeno erro de cálculos — Deu de ombros lhe dando mais waffles, Jane sorriu de canto e a observou comer, era bom ter aquele belo porto seguro quando seu mundo parecia desmoronar.

[...]

Maura acariciou os fios negros que estavam em seu colo e encarou a morena que estava atenta ao filme de tiros, seus olhos analizaram o rosto de belos e finos traços, Jane era uma das mulheres mais bonitas que já havia visto na vida, seus traços italianos definitivamente lhe davam um charme extra.

Sorriu de canto ao vê-la lhe olhar, pegando-a em flagra por sua observação minuciosa, Jane analisou seu rosto em busca de algum sinal de que algo estava errado, mas não achou, Maura parecia bem.

— Tudo bem? — Perguntou mesmo após sua observação.

— Sim — Murmurrou — Apenas estava pensando — Jane virou-se de lado para olhá-la melhor.

— Em que?

— Em seu charme italiano.

— Maura não pode me cantar assim,  eu sou casada — A loira negou sorrindo.

— Sinto muito por isso, detetive, você é deslumbrante demais para passar despercebida.

— Eu agradeço o elogio — Disse e pegou sua mão beijando-a — Quer fazer alguma coisa? Sei como detesta esses filmes.

— Não, eu estou bem.

— Mesmo longe dos relatórios super entediantes do departamento?

— Mesmo longe deles e eles não são entediantes.

— Claro que não — Revirou os olhos e inclinou-se beijando-o, Maura segurou seu rosto — Obrigada.

— Pelo que?

— Por estar aqui, mesmo que não precise.

— Não tem o que agradecer, eu sempre vou estar aqui, você é a minha melhor amiga, Jane, o amor da minha vida, mesmo quando você não me quiser aqui, eu vou estar.

— Eu acho bom, pois sempre quero você aqui — Disse com a voz baixa e voltou a beijá-la lentamente.

Maura a segurou na nuca abrindo os lábios para que ela invadisse sua boca, os dedos da detetiva andentraram seus cabelos puxando-os levemente fazendo-a ofegar, Jane percorreu sua boca com a língua fazendo-a tremer e então sugou seu lábio lentamente.

— Eu te amo Maur.

— Eu te amo mais — Sussurrou de volta e retomou o beijo.

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